terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Transplante de células-tronco da medula dá vida nova a pacientes com esclerose múltipla


Após cirurgia, doentes crônicos voltaram a fazer tarefas cotidianas, aponta pesquisa da USP

Pacientes com esclerose múltipla que se submeteram ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (produzidas pela medula óssea) puderam voltar a sonhar com um futuro promissor.

Essa é a constatação do psicólogo Fábio Augusto Bronzi Guimarães, que avaliou a qualidade de vida desses pacientes antes e depois do tratamento, em sua dissertação de mestrado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. As informações foram divulgadas na agência de notícias da USP (Universidade de São Paulo).

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico passa a ter uma hiperatividade, atacando o sistema nervoso central, causando inúmeros problemas em quase todas as funções motoras.

- É uma doença crônica e debilitante, afirma Guimarães.

O tratamento convencional, feito com imunossupressores e imunomoduladores, em casos mais graves não costuma surtir os efeitos esperados e a doença evolui. E isso automaticamente influencia a qualidade de vida dos doentes.

- A qualidade de vida é um bom indicador do impacto que a esclerose múltipla causa na vida da pessoa, assim como o impacto do tratamento para o paciente, ressalta o psicólogo.

Já o tratamento com células-tronco é agressivo. Primeiro, os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos, para destruir a medula que não funciona adequadamente. Por último, faz-se o transplante das células-tronco saudáveis, para que a nova medula funcione normalmente.

Entrevistas

Na pesquisa, Guimarães utilizou uma amostra de 34 pacientes, todos internados no HCFMRP, aplicando um método híbrido de pesquisa, sendo uma parte quantitativa e outra qualitativa. As informações foram coletadas por meio de perguntas feitas diretamente aos pacientes, e não por meio de prontuários e entrevistas com médicos responsáveis, tendo, portanto, um caráter mais subjetivo.

Eles foram entrevistados em três momentos: no pré-transplante, no pós-transplante imediato (30 dias após) e no pós-transplante tardio (um ano após).

As entrevistas revelaram que, após o transplante, uma maioria de pacientes reconheceu a evolução da saúde com o tratamento, conseguindo realizar pequenas tarefas do cotidiano. Uma minoria, porém, se demonstrou insatisfeita, pois tinham uma grande expectativa de melhora, mesmo com algumas evoluções e cessação de sintomas.

Nas entrevistas tardias (após um ano), Guimarães constatou que uma maioria de pacientes passou a sonhar novamente com um futuro mais promissor e retomaram antigos projetos.
- As relações com familiares e amigos ficaram mais fáceis após o transplante, muitas amizades afastadas foram retomadas, conta.

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