terça-feira, 3 de novembro de 2009

Síndrome de Reye

O que é síndrome de Reye?

A síndrome de Reye é uma doença caracterizada por encefalopatia aguda (acometimento cerebral de forma aguda), com edema cerebral (que geralmente é causa da morte), associada à degeneração do fígado e algumas vezes do rim e do miocárdio (músculo cardíaco). Até 1974, foram relatados quase 400 casos nos Estados Unidos com taxa de mortalidade superior a 40%. A incidência aumentou em relação temporal e geográfica direta com as epidemias virais, especialmente aquelas causadas pelo vírus da influenza B e da varicela. Em 1988, a incidência caiu dramaticamente (apenas 20 casos foram relatados). Atualmente essa doença é rara.



Por que ela geralmente acomete crianças?
A síndrome de Reye ocorre geralmente entre 4 e 12 anos de idade, com um pico de incidência em torno de 6 anos. Não há diferença por sexo na incidência, mas as populações rurais e suburbanas parecem mais freqüentemente afetadas do que a população urbana. Talvez pelo fato da síndrome de Reye estar associada a algumas infecções virais, como influenza B e varicela, e algumas outras que são mais comuns na criança, a sua incidência é maior nessa faixa etária. Não há uma explicação fisiopatológica para o acometimento maior das crianças.


Quais são as causas e o que a aspirina tem a ver com a doença?
A etiologia é múltipla e, na maioria dos casos, observa-se uma clara associação com patologia viral, principalmente varicela e o vírus influenza B. Em 60% a 70% dos pacientes se segue a uma infecção respiratória; 20% a 30% após varicela e 5% a 15% após patologia gastrointestinal associada à diarréia. Não há um fator tóxico ainda conclusivamente identificado, mas alguns estudos sugeriram a ligação etiológica entre a síndrome de Reye, o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) e/ou anti-heméticos e infecções virais. É prudente evitar o uso de ácido acetilsalicílico como antipirético (antitérmico) em pacientes pediátricos com gripe ou varicela.

Quais são os sintomas da síndrome de Reye?
As manifestações clínicas ocorrem após o desaparecimento da doença prévia e na ausência de febre, após um intervalo de tempo no qual a criança aparentemente se recuperou. Os sintomas iniciais incluem vômitos repetitivos, com progressiva deterioração da consciência, delírio, comportamento agressivo, estupor, evoluindo em poucas horas para o coma e muitas vezes para o óbito. Podem ocorrer crises epilépticas e alterações do tônus muscular. Em aproximadamente 50% dos pacientes, observa-se hepatomegalia (aumento do fígado). A principal manifestação clínica ocorre devido à hipertensão intracraniana (aumento da pressão dentro do crânio), como conseqüência do edema cerebral.

A evolução da síndrome de Reye é grave e sua mortalidade depende da gravidade do quadro e do estágio em que o tratamento é iniciado: Estágio I e II - ausência ou somente depressão leve da consciência, associa-se a prognóstico favorável com menos de 10% de mortalidade e ausência de seqüelas nos pacientes que se recuperaram. Estágio III e IV - são caracterizados por aprofundamento progressivo do coma, com sinais e sintomas de progressiva disfunção do sistema nervoso central.


Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pelo quadro clínico associado às alterações laboratoriais, como aumento das enzimas do fígado (transaminases), dos músculos e da amônia no sangue. Há diminuição da glicemia (glicose no sangue) em mais de 50% dos casos e alterações da coagulação. Não existe nenhum exame que isoladamente faça o diagnóstico da doença.


Prevenção e tratamento
O tratamento da síndrome de Reye é principalmente sintomático. Deve-se ficar atento para as correções dos distúrbios do metabolismo, alterações da coagulação sanguínea, glicemia e outros. Muitas vezes o paciente deve ser internado em unidade de terapia intensiva, onde poderá ser mais bem monitorizado, realizar as correções dos distúrbios, fazer uso de ventilação pulmonar mecânica e submeter-se ao tratamento para controle da hipertensão intracraniana.

Como foi dito anteriormente, muitos pontos na síndrome de Reye não estão bem esclarecidos e dentre esses destacamos a etiologia da doença, que parece ser multifatorial. Assim, como prevenção, podemos mais uma vez dizer: É prudente evitar o uso de ácido acetilsalicílico como antipirético (antitérmico) em pacientes pediátricos com gripe ou varicela

* Artigo escrito por Dr. Nivaldo de Souza

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